10.1.07

Argumentário liberal a favor do SIM (2)

- Forma a tua opinião pelo juízo que tu mesmo fazes das coisas em jogo e não te moldes pelos valores que uma das várias facções de um dos lados defende;

- O modo mais idóneo do Estado se aproximar da desejável neutralidade em matérias de consciência individual é, desde logo, retirar a punibilidade criminal a um dado comportamento que diz respeito, em primeiro lugar, a essa mesma consciência individual;

- A forma mais perfeita e acabada do Estado não tomar partido em matérias que dividam profundamente a sociedade é descriminalizar essas mesmas matérias;

- Não tentes resolver a parte exigindo o todo - hoje, dentro ou fora do SNS, os nossos impostos já pagam imensas coisas com as quais eu não concordo e outras que até me repugnam: mas não é isso que está aqui em discussão;

- Caso o NÃO vença, os nossos impostos e o SNS estatal continuarão a pagar as IVG já permitidas na lei actual - repito, desse ponto de vista não há grandes diferenças para quem prefira esta ordem de argumentos;

- Este debate não é acerca das funções do Estado; nem sobre as peculiaridades do sistema estatal de saúde; nem mesmo se trata de uma discussão filosófica versando a quimérica possibilidade de alterar no referendo de 11/2 o status quo socializante em que este país se encontra há mais de 30 anos;

- O próximo referendo apenas decidirá se existe ou não a possibilidade legal de IVG até às 10 semanas ou se, pelo contrário, as mulheres que tomarem essa inciativa sem essa nova cobertura legal deverão ser perseguidas criminalmente - todas as demais questões que agora são pressurosamente suscitadas nada mais visam do que "desconversar" para manter tudo como está: e, como está, está muito mal;

- Eu não quero mudar o país e o mundo num ápice à boleia do próximo referendo sobre a IVG - vou votar SIM, em 11 de Fevereiro, apenas porque não quero viver num país que pune criminalmente um comportamento sempre praticado em estado de necessidade e que, também por isso, não afecta gravemente os valores com que a maioria dos indivíduos do mundo contemporâneo em que me revejo escolhe pautar a sua existência.