Vasco M. Barreto fala acerca de alguns "Abusos de autoridade", no Sim no Referendo:
«... A um médico não se lhe pode negar o direito a expressar uma opinião sobre o aborto; o que um médico não pode é fazer passar como opinião da classe ou consenso científico aquilo que é a sua opinião ou a sua pessoalíssima/desactualizada interpretação da literatura da especialidade. E é lamentável que o faça em órgãos de comunicação para o grande público, que compreensivelmente tem perante o título de médico um comportamento reverencial. Exemplos? Apresento dois, que só não são mais actuais porque não ando a ler toda a imprensa lusa (escrevo de Nova Iorque e também gosto de cinema). José Diogo Ferreira Martins, cardiologista pediátrico, escreveu no Público de 8 de Dezembro de 2006 que "actualmente, passados mais de 20 anos, já não pode ser dito que o feto não é vida, pois a ciência mostrou-o de um modo claro e comovente". Creio que ninguém defende que o feto não seja "vida", mas percebe-se a ideia do texto. De que comunidade científica, de que ciência e de que consenso fala Ferreira Martins? O que de tão extraordinário aconteceu nos últimos 20 anos? Também não sei se o Dr. Gentil Martins, activo defensor do "Não", teve entretanto tempo de rever a sua pública posição quanto à associação entre o aborto e o cancro da mama, mas por precaução aqui fica a mais recente literatura sobre o tema. (...) Enfim, não vale a pena inventar a roda todos os dias e a solução para estes abusos é conhecida de todos: da próxima vez que um especialista escrever sobre o aborto, o melhor é pedir uma segunda opinião.»