Os estatistas imaginam-se com capacidade e conhecimento para planear cidades, países, redes de auto-estradas, redes escolares e hospitalares e, ao que parece, até redes de autocarros.
Mas a recente tentativa dos STCP para destruir e refazer a rede de autocarros dos STCP parece ter desagradado aos principais interessados, os utentes. Outra coisa não seria de esperar.
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A rede de autocarros que existia na cidade do Porto evoluiu com a cidade e condicionou a evolução da cidade. As linhas foram criadas de acordo com a evolução da cidade e a cidade evoluiu de acordo com a rede de autocarros disponível. A rede de autocarros e a cidade são o produto do mesmo processo evolucionário. Deve-se esperar que esse processo tenha dado origem uma rede de autocarros próxima da óptima.
Uma rede de autocarros antiga reflecte o conhecimento disperso pela cidade, algum do qual apenas acessível aos utentes ou a gestores da rede que já sairam da empresa há muitos anos.
Os gestores actuais entenderam possuir um conhecimento da cidade e das necessidades dos utentes para refazer radicalmente a rede. No entanto, nenhum grupo de especialistas possui o conhecimento suficiente para desenhar uma rede que responda às necessidades particulares de milhares de utentes.
Os gestores dos STCP apenas podem conhecer os fluxos gerais de utentes entre grandes zonas da cidade. Não podem saber como é que pessoas específicas usam a rede de transportes. É nos usos específicos de linhas específicas a horas específicas que a nova rede falhará. Os gestores dos STCP não têm forma de saber que a pessoa P, que tem uma casa no ponto A, escolheu um emprego no ponto B porque a linha de autocarros que passa no ponto A também passa no ponto B. E por não terem esse tipo de conhecimento, ao mudarem a rede de forma radical, interferirão com todas as decisões racionais que os utentes tomaram no passado.