26.4.04

A alocução de Sua Excelência

(por estar a postar num computador do Jurássico, que não permite links nem edição de imagens, peço desculpa por não encimar a presente posta pelo retrato do Senhor D. João VI, como faço sempre que pronuncio acerca de Jorge Sampaio)

Como sempre foi politicamente correcto. Tentou dar alguma voz ao descontentmento do seu partido, mas nada de especial. Deu uma no cravo e outra na ferradura.

Não deixa de causar algum prazer perverso constatar a alegria patética de alguma velha esquerda quando Sampaio insinua, mas não diz, aflora mas não afirma, critica mas não fere.

É espantoso como essa gente ainda espera o que quer que seja de Jorge Sampaio - será que ainda não interiorizaram que ele é o modelo perfeito e acabado que qualquer Governo, independentemente da sua cor, neste sistema político, gostaria de ter como Presidente da República?

O que pode existir de melhor para este mau Governo do que aquela inconsistência, aquela frouxidão, aqueles remoques inconsequentes? Sabendo que na hora da verdade lhe faltará sempre a coragem para ir mais além?

Razão teve Durão Barroso nos comentários que fez logo após o discurso presidencial - desvalorizando-os e chegando a dizer que concordava com eles...

Mas esta velha esquerda não aprende. No fundo são sebastianistas inconfessados. Esperam sempre. Ao mínimo aceno de vigor da parte de quem nunca o terá, agitam-se, retiram efeitos lunáticos, fazem Fóruns na TSF, injectam-se de fé de que a crise política está aí.

Sem perceberem a verdade simples, quase infantil na sua evidência, de que nenhuma crise, ruptura, ou alteração daquilo que está poderá decorrer de alguém com as características "lesmosas" do actual titular da Presidência.

E que enquanto esperarem pela manhã de neblina que nunca há-de chegar, os embusteiros continuarão a prometer e não cumprir, a culparem os outros pelos seus próprios falhanços, a delapidarem os fundos públicos na compra de submarinos que não servem para nada, a pedirem poupança e paciência à classe média, esmagando-a fiscalmente, enquanto permitem que a PT declare prejuízos para não pagar impostos, etc., etc..

Para Durão/Portas e para os seus acólitos, Sampaio é um presente caído do céu. Sobretudo pelo sistema de crenças em que a velha esquerda hibernou.