20.4.04

A Riqueza e a Pobreza das Nações.

É sempre com algum entusiasmo que releio DAVID LANDES e a sua A Riqueza e a Pobreza das Nações. Por que são algumas tão ricas e outras tão pobres (Ed. portuguesa da Gradiva, 1ª. Ed. 2001). Numa obra tão extensa quanto interessante, acho que um bom método de (re)leitura consiste no concentrarmos a nossa atenção em pormenores (certas passagens) da exposição, seleccionados de forma relativamente aleatória, tentando interligá-los com temáticas que, na actualidade, nos interessam por algum motivo em particular. O capítulo IV – “A invenção da invenção” – fornece-nos algumas pistas históricas e económicas sobre a ascensão da cultura Europeia e sobre a construção e solidificação do seu (nosso) modo de vida...Não, não aborda ainda as respectivas quedas (?) ou os actuais sinais de declínio.... pelo menos directa e explicitamente.
De todo o modo, aqui fica uma pequena passagem:

“(...) Durante o período de que nos estamos a ocupar (1000 a 1500 em números redondos), o domínio muçulmano ía desde a extremidade ocidental do Mediterrâneo até às Índias. Antes disso, desde 750 a 1100, a ciência e a tecnologia islâmicas superavam largamente as da Europa (...). O Islão era o professor da Europa.
Mas, a partir de certo momento, as coisas enveredaram por um caminho errado. A ciência islâmica, denunciada como herética por fanáticos religiosos, submeteu-se à pressão teológica exercida em nome do conformismo espiritual. (...) Para o Islão militante, a verdade já tinha sido revelada. O que levava de volta à verdade era útil e permissível, tudo o resto era erro e fraude. O historiador Ibn Khaldun, conservador em matérias religiosas, mostrava-se consternado com a hostilidade muçulmana ao conhecimento:

Quando os muçulmanos conquistaram a Pérsia(637-642) e se lhes deparou uma quantidade indescritivelmente grande de livros e estudos cinetíficos, As’d bin Abi Waqqas escreveu a Umar bin al-Khattab a pedir-lhe permissão para os distribuir como retribuição entre Muçulmanos. Nessa ocasião Umar escreveu-lhe: « Atire-os à água. Se o que contêm for uma orientação certa, Deus já nos concedeu melhor guia. Se for errada, Deus ter-nos-á protegido contra isso».