O ódio à especulação imobiliária é mais uma expressão do ódio à economia de mercado. O ódio é tanto que alguns lisboetas estão preocupados com a especulação imobiliária em Leça. O nosso Primeiro quer fechar a refinaria de Leça porque estas estruturas não devem estar no meio urbano. Mas ao mesmo tempo quer impedir a especulação imobiliária.
É claro que, se não fosse a especulação imobiliária, a refinaria de Leça não estaria no interior do meio urbano. Nos últimos anos foram construidas urbanizações na vizinhança da refinaria. À primeira vista trata-se de um péssimo lugar para uma urbanização. Estas urbanizações foram construídas a 100 metros da praia, o que não é lá muito ecológico, e a 200 metros dos terrenos da refinaria, o que é um bocadinho perigoso.
Ora, porque é que estas urbanizações foram construidas num local perigoso?
Porque todos os envolvidos estão a especular. Compraram barato na esperança de ter ou vender caro. E aquele é um bom lugar para especular e todos especulam: o poder local, os promotores imobiliários e os compradores, o estado central e a Galp. Todos baseiam as suas conjecturas numa única ideia: um dia, a refinaria vai fechar. Uns especulam a curto prazo, outros a longo prazo.
Os promotores compraram terrenos e construiram urbanizações porque sabiam que alguém as iria comprar. Os compradores quando compram apostam que um dia a refinaria vai fechar e nesse dia o seu património vai valorizar. O poder local permitiu as urbanizações porque elas aceleram o fecho da refinaria e se a refinaria fechar o património da autarquia valoriza e os impostos autárquicos têm margem para subir. O estado e a Galp ainda não fecharam a refinaria porque o valor do terreno ainda não é suficientemente elevado. Mas um dia vai ser.
O Paulo Gorjão sugere a construção de um jardim público no local da refinaria. Ora, um Jardim Público é o jackpot dos especuladores. De um dia para o outro os apartamentos deixariam de estar num local perigoso e passariam a estar ao lado de um aprazível jardim público.
