Cruelmente afastado da blogosfera por afazeres profissionais inadiáveis, não tenho podido acompanhar as postas mais marcantes no presente caso do "Apito..." com a atenção que este merecia.
Assim, não sei se aquilo que penso já está transformado numa redundância nos blogues. Mas aqui vai:
- Uma juíza que faz o seu trabalho sem se deixar apanhar pela comunicação social, como que por acaso;
- Que, inclusivamente, tapa a cara num gesto que me parece ser mais o de preservar a sua vida privada do que devido a possíveis receios quanto à sua segurança;
- Um Tribunal isolado, com barreiras a marcar devidamente os espaços do "público" e da imprensa, com polícia a impedir os contactos entre os arguidos e os media;
- O desespero dos jornalistas que não têm quem lhes dê as informações em primeira mão - ao contrário do que vemos quotidianamente noutros casos, em que as televisões anunciam as decisões dos juízes antes destes as terem assinado;
- Até mesmo os advogados - apesar de aí pontificar uma execranda figura da advocacia (e não só) portuense - têm primado pela contenção, mostrando que é possível prestar declarações regradamente, sem espalhafato e sem colocar, compulsivamente, a imagem da Justiça na lama;
- Tudo isto, para já, parece reflectir que o processo está a decorrer no recato que a aplicação da justiça exige.
O que prova que aquilo que temos visto na condução dos inquéritos e da instrução criminais nos casos Moderna e Casa Pia não corresponde a uma fatalidade do destino - é possível fazer melhor, mesmo nos tempos em que estamos.
O que ficou provado, também, é que as descaradas fugas de informação são intrinsecamente lisboetas. O batalhão de jornalistas plantado à porta do Tribunal não cessa de se lamuriar porque "não sabem o que se está a passar".
Ainda bem.