30.4.04

Editorial do Biólogo José Manuel Fernandes

«Daí que a decisão sobre a barragem do Sabor não seja fácil. Do ponto de vista dos aproveitamentos hidroeléctricos ainda possíveis de desenvolver no país, trata-se de um dos melhores, senão o melhor e o que terá mais impacto na produção de electricidade - logo construí-lo é importante para cumprirmos o Protocolo de Quioto; do ponto de vista de um conservacionista, erguê-lo é um desastre.
(...)
Convém por isso que a discussão, daqui até lá, não seja reduzida à demagogia. Por um lado, é intolerável o discurso dos que atacam os ambientalistas acusando-os de quererem fazer do interior um "museu" desertificado, como têm feito alguns autarcas da região. Mas os ambientalistas também devem ser realistas e compreender que não há milagres e que nenhuma política de conservação da energia, por mais necessária e importante que seja (e por mais justo que seja combater o desprezo a que é votada pelas autoridades), evitará que, para limitarmos a emissão de gases produtores de efeitos de estufa, tenhamos de construir mais barragens e multiplicar o número de parques eólicos. Barragens e parques eólicos que têm sempre algum impacto ambiental, onde quer que sejam construídos.» (aqui).