30.4.04

ESTRANHÍSSIMA

... a perturbação pretensamente emocionada de Durão Barroso face às acusações de Francisco Louçã, hoje no Parlamento.

Recuso-me a alinhar nas ilações [corrigido] que Louçã retira, nomeadamente quanto a eventuais favoritismos em concursos.

Mas, também, custa-me a crer que uma operação financeira tão volumosa pudesse ser conseguida pela CGD sem o consentimento, ainda que tácito, do Governo. E, quanto a isto, a existência ou não de um pedido ou de uma autorização formal para a viabilização dessa operação parece-me ser politicamente irrelevante. Se o Governo não sabia o que o banco do Estado estava a fazer, devia-o saber. Eu não acredito que não soubesse.

A reacção de Durão Barroso - tive receio que rasgasse as vestes e deitasse cinza em cima da cabeça, como faziam os antigos hebreus - soou demasiado a truque retórico de quem foi apanhado com as calças na mão. Ainda que a realidade dos factos possa não ser essa, foi isso que Durão deu a entender.

De qualquer modo, Louçã fez bingo. Criou um caso - que a Grande Loja já tinha narrado com muito mais pormenor - e tudo terá de ser investigado. Marcou pontos, foi a figura do debate, deixou o Governo embaraçado e pode arrecadar ainda mais dividendos quando tudo for apurado. Mostrou à velha esquerda - que desgraça! - como se faz oposição.

De guardar para o futuro foi aquela conclusão de que os Verdes têm um déficite democrático porque foram para o Parlamento às costas do PCP. Daqui a 2 anos falamos...