29.4.04

Centralismos II

O Governo e a EDP pretendem construir uma grande barragem no Rio Sabor, um dos afluentes do Douro. Para além da produção de energia, uma das razões justificativas do Projecto é a regularização dos caudais do Douro.
Várias organizações ambientalistas têm combatido o projecto de construção da barragem, estando, inclusivamente disponível uma petição on-line contra aquela construção, com vários argumentos interessantes, dos quais apenas alguns "ecologistas" (há argumentos económicos contrários à construção).
Entendo, em geral, que o o "Ambiente" não tem de ser preservado a todo o custo e que se deve antes procurar um equilíbrio saudável entre os vários interesses em causa. No caso concreto, foi hoje dado a conhecer um parecer do Instituto da Conservação da Natureza (Instituto tutelado pelo Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, sem página geral própria) que desaconselha a construção da dita barragem, sugerindo uma outra localização, no Côa.
Não conheço suficientemente os argumentos do Governo/EDP que justifiquem a construção. Mas conheço o Vale do Sabor e sei que ali se vislumbra uma das mais incríveis paisagens deste Portugal. E também sei que a construção da barragem a irá descaracterizar por completo, como aconteceu antes com outras. E que as barragens raramente se traduzem em vantagens para as populações locais.

O Vale do Sabor fica longe, muito longe, do Terreiro do Paço. Muito mais longe, pelo menos, da Rotunda do Marquês e que, por isso, não tem nos jornais a importância do túnel inclinado.

Mas gostava, sinceramente, que o episódio do Côa não se repetisse. Que não se começassem a movimentar milhões de toneladas de terras e de pedra sem se ter a certeza que vale mesmo a pena destruir irremediavelmente aquele Vale. Eu acho, pelo menos por agora, que não vale. E o mesmo deve pensar a EDP, se for coerente com as políticas que anuncia.

Antes de se inciarem as obras, convinha, por isso, que o Governo e a EDP nos convencessem da sua indispensabilidade (que não excluo, mas que, por ora, não reconheço).