20.9.04

AS ELEIÇÕES NO PS

A método de eleição directa (pela primeira vez aplicado num partido político em Portugal), tem mostrado as suas virtualidades: não existe aquele unanimismo serôdio em face do futuro ?chefe?, atitude infelizmente tão típica e tradicional relativamente a qualquer poder político no nosso país.

Desta vez existem verdadeiras alternativas entre os candidatos. Sobretudo a nível de posicionamento ideológico. O que é positivo e permite aos militantes realizar algum tipo de escolha.
Infelizmente todas as candidaturas apresentadas são demasiado viradas para dentro do partido. O que para quem pretende ser alternativa de Governo é bastante pobre e resulta em claro prejuízo para o conjunto dos eleitores. De facto não há em nenhum dos candidatos um projecto de Governo, um lançar de apostas sérias e compromissos para o país.

De qualquer forma, a actual campanha possibilitou, acho eu, dar a conhecer antecipadamente aos militantes socialistas a forma de pensar e alguns pressupostos na forma de agir do futuro Secretário-Geral. Outra grande virtualidade é o facto de as candidaturas não se apoiarem em grupos pré-definidos e restritos de apoiantes: por via sucessória e aclamátoria da anterior direcção, grupos de autarcas, dirigentes partidários locais, etc. A luta política teve de ser travada em praça pública e isso é positivo.

Há quem aponte a desvantagem das ?directas? resvalarem facilmente para discussões/acusações de caracter pessoal absolutamente desnecessárias. Mas de facto está-se a escolher pessoas e não só um programa anónimo. Sendo uma prática nova no actual sistema, sempre haverá alguns ajustes no futuro, por incorporação da experiência.
O presidente do PSD foi durante bastante tempo um defensor das eleições directas. Mas já se sabe que a coerência ou defesa de princípios não é uma característica do actual PM. As circunstâncias sempre foram tudo na sua vida política.