Caro irreflexões, o que eu critico é a própria existência de um fundo com a natureza do fundo de correcção de hidraulicidade, não voluntário, gerido pelo estado e ainda por cima combinado com políticas de apoio às energias renováveis. E porquê? Porque o fundo de correcção de hidraulicidade torna as empresas autistas. Como elas não sentem os efeitos da subida dos preços da energia não desenvolvem mecanismos de adaptação à escassez de energia hidroeléctrica ou, neste caso, de adaptação à subida do preço do petróleo.
Sendo o ministro a decidir quando o fundo é accionado, a questão é ainda mais grave porque as empresas em vez de se especializarem em métodos de poupança de energia ou de uso de energias alternativas, especializam-se em lóbi político. Em vez de ser o mercado a procurar soluções para resolver os problemas de escassez de energia, tudo fica nas mãos do iluminado ministro da economia, que com sorte pode ser um génio, mas que na maior parte das vezes é, e ainda bem, apenas uma pessoa normal.
Para além disso, todos sabemos que esta medida nada tem a ver com a seca, mas com a subida dos preços do petróleo. É ridículo que uma medida destas esteja a ser apresentada como uma medida que visa evitar o agravamento do défice da balança de pagamentos porque ela só contribui para que as importações de petróleo continuem como se o preço do petróleo fosse mais baixo do que de facto é.
A medida tornar-se-á ainda mais ridícula no dia em que o ministro anunciar apoios às energias alternativas porque o ministro acaba de desincentivar as energias alternativas.
Se o ministro quer de facto contribuir para o aumento da eficiência económica e energética do país tem que acabar com o fundo de correcção de hidraulicidade, acabar com todos os subsídios aos combustíveis, abrir o mercado nacional às empresas espanholas, resolver de vez o problema da GALP, abandonar todas as políticas que visam proteger a EDP, atribuir licenças de produção de electricidade a outras empresas que não a EDP e convencer os espanhóis a avançar com o MIBEL.