22.6.05

Já nem sei, se hei de fugir (...) já não há, nada de novo aqui

Portugal é um caso grave de falta de competência política.

O Estado não governa e, pelos vistos, tem inveja de quem se sabe governar.

Os bancos cumprem a sua missão. Estão bem capitalizados, bem dimensionados, dão lucros, respeitam a lei. Pois, mas se estão «bem», e o país está «mal», então é porque são uns «marotos», ouvimos por aí.

Ora, para resolver o que está «mal», importa rebentar com o que está bem. A isto se chama a «lógica da batata».

Explico-me:

Agora, os Bancos deviam apoiar o capital de risco. Talvez, essa possibilidade existe na Lei. A história bem recente diz-nos, contudo, que a generalidade das iniciativas nesta área foram ruinosas, por várias razões. E os privados, ao contrário do Estado, quando se lançam em iniciativas ruinosas, abrem falência. Vários são os casos onde Bancos perderam bastante dinheiro, nos últimos cinco anos, em aplicações de risco e em private equity. E uma parte do insucesso está, precisamente, na falta de condições que existem em Portugal para que este tipo de iniciativas funcione.

Mas o «capital de risco» maioritariamente, não depende dos Bancos. Por esse mundo fora, existem milhares de investidores dispostos a aplicar os seus fundos em iniciativas desta natureza. Não necessariamente Bancos.

Mas porque será que esses recursos estão afastados de Portugal? Se quer promover o capital de risco, o Estado que liberte a Economia de amarras regulatórias, diminua os impostos e garanta que a evasão fiscal não é uma vantagem competitiva entre empresas, fomente a flexibilidade do emprego, torne efectivo o funcionamento da justiça. E não ataquem a iniciativa privada e quem cria riqueza.

Estas são as premissas para cativar os capitais que circulam por esse mundo, e que estão disponíveis para apostar em quem inova.

Mas importa notar que dificilmente alguém investe num país que tem um Presidente intermitente, com a língua solta, que, apesar de ser do sexo masculino, desculpem-me a franqueza, há dias que parece que está com o período. É que, mesmo no capital de risco, este tem de ser calculado. E uma das coisas que é aferido é o «risco político», que com Presidentes como Sampaio, ganha uma nova dimensão.

Em pleno século XXI, o discurso político português parece que parou no tempo. Em nenhum país desenvolvido existe um discurso tão marcadamente ideológico contra o capital e contra a inciativa privada como o que se tem praticado desde Fevereiro. Alguém me explica o que se está a passar?

Rodrigo Adão da Fonseca