1. O artigo de Vasco Pulido Valente no Público de hoje mostra em que condições se foi criando o mito de Cunhal. Num ambiente intelectual concentracionário, fechado e ignorante.
2. São muito interessantes as analogias que sempre aparecem entre o comunismo e o catolicismo. Quer no texto de Vasco Pulido Valente, quer na entrevista de Pacheco Pereira.
3. Pacheco Pereira diz que Cunhal trocou a fé em Deus pela fé na História. Mas não foi o único. Os próprios títulos dos artigos do Público revelam essa mesma divinização da História: "Morte de Cunhal encerra um tempo histórico", "A História nunca lhe dará razão" e "No umbral da História". E expressões como "a história o julgará", "personagem histórico", " fica na história" e "uma das personagem mais importantes da história do século XX" têm sido muito repetidas a propósito da morte de Cunhal.
4. Nos artigos do Público há algumas referências ao conservadorismo e aos métodos totalitários do PCP. Por exemplo, na cronologia diz-se que Júlio Fogaça foi abandonado pelos companheiros em Caxias e mais tarde foi expulso do PCP sob acusação de homossexualidade.
5. No artigo de Vasco Pulido Valente há uma referência muito interessante ao puritanismo dos camaradas: "O ateismo e a defesa do divórcio não impediam os meus pais [que eram comunistas] de cortar com os militantes que se divorciavam e de se agitarem com horror à mais suspeita de adultério".