3.7.05

Liberalismos, revoluções e conversões I ...

A propósito da interessante discussão que, aqui e aqui, se vai esboçando, promovida, muito oportunamente, pelo Rui A. e pelo RAF, bem assim como depois de ouvir confissões (nos últimos tempos, reiteradamente) de paixões antigas e eternas pelo " liberalismo"*, recordei-me de um fenómeno da minha adolescência: o denominado "boom" do "rock português"!

Sim, isso mesmo - o "rock português" que, para alguns estudiosos da matéria, terá surgido com o primeiro álbum do Rui Veloso ("Ar de rock", onde pontificava "A rapariguinha do Shopping" e o "Chico Fininho").

Nesses tempos, em virtude do sucesso comercial meteórico do novo estilo musical (anglo-saxónico e muito pouco conforme com as velhas tradições nacional-cançonetistas lusas), de repente, tudo o que era músico, cantor, compositor, começou a auto-proclamar-se "rockista" inveterado. Todos - mesmo fadistas! - lançaram, naqueles tempos, singles de "canções rock"!

Recordo-me, vagamente, do inefável António Calvário, assim como do Duo Ouro Negro, auto-proclamarem-se artistas do rock português....

A moda passou. Os "rockistas" postiços, de oportunidade, ou mesmo de paixão sincera, mas pouco sólida, cansaram-se e abandonaram tal auto-proclamada paixão....e tudo acabou por regressar à normalidade.

Não sei porquê, esta (interessante e importante) discussão, fez-me recordar esses tempos distantes, dos primórdios do "rock português".

Lembranças à parte, com mais tempo e algum vigor que o adiantado da hora já fez desaparecer, acho que gostaria de voltar à velha questão "O que é ser liberal, hoje, em Portugal"?

*( o CAA escreveu, em tempos, que "É Difícil Ser Liberal em Portugal", Ed. O Espírito das Leis)