10.9.05

É, de facto, bom não esquecer...

Excelente o artigo do The Economist referenciado pelo CAA.

Independentemente da discussão que, nas respectivas Heresias do post, se suscitou (e que, parece-me, "cresceu" sem nada ter a ver com o tema do artigo citado!), o facto é que a reflexão sugerida pelo The Economist (uma revista europeia, é bom não esquecer!) é premente e poderia muito bem ser aprofundada na blogosfera.

Pela minha parte, algumas notas:

- para além da estadualização da Universidade Europeia - apontada de forma simples, clara e certeira no dito artigo, como a causa fundamental da perda de competitividade da Instituição, na Europa - outros factores concorrem também imediatamente para esse estado de coisas: por exemplo, a cada vez menor abertura e integração nas Universidades e nos Centros de Investigação europeus de professores e investigadores estrangeiros, provenientes de muitas e diferentes tradições e idiossincrasias, enriquecendo/diversificando o trabalho universitário. Essa foi, a dado passo e durante o século XX uma das características das principais Universidades da Europa (pós-2ª Grande Guerra); porém, tem vindo a perder-se, progressivamente e em comparação com a realidade norte-americana e canadiana (neste aspecto, um modelo quase perfeito de "livre-circulação" e de integração) .

- a dificuldade (incomodidade) de, na Europa, conciliar-se ensino de massas e selectividade, ou, noutra perspectiva, excelência.
Os preconceitos socializantes tradicionais na cultura e no discurso político dominantes e vigentes no "velho - continente" ajudam (e muito) a este estado de coisas. Há, por vezes, uma dificuldade em se distinguir a igualdade no direito (de acesso) à Universidade e, por outro lado, o resultado concreto do trabalho universitário (dos estudantes, dos professores, dos investigadores). Naturalmente, este último não se deveria sujeitar a nenhuma confusão com igualitarismo; ninguém deveria pensar ter direito a passar necessariamente ou a progredir na carreira de forma burocrática e independentemente do respectivo mérito (civil servents), etc., etc.... O igualitarismo (decorrência da tal dependência estadualista) leva a que, cada vez mais se tratem todos da mesma forma (ou seja, mal!) e que, consequentemente, cada vez menos o mérito seja retribuído (ou seja, que cada vez mais, os mais aptos e capazes saiam da Universidade e procurem outras paragens para ganharem a vida e fazerem o seu trabalho ou então, apenas lá permaneçam por espírito de carolice...)

No entanto, o caminho também não será o da cópia literal ou o dos mimetismos cegos (até porque, na prática, inviáveis ou intrasponíveis) do modelo (qual deles?; em que áreas?) da dita Universidade Americana.... Os originais serão sempre melhores do que as (foto)cópias, por melhores que estas sejam....

Talvez a disseminação de uma mentalidade que favoreça não a Universidade como grande Instituição generalista (em sentido literal, Universitas), mas sim como pequeno centro ou unidade especializada de investigação e de ensino, seja um possível caminho a seguir (poderá ser um contrasenso nos termos, mas...)