Sempre que há uma grande catástrofe há sempre alguém que recupera dos arquivos uns estudos ou umas previsões que mostram que a catástrofe era previsível e podia ter sido evitada. Curiosamente, não faltam actualmente previsões sobre catástrofes futuras, mas essas previsões não recebem a mesma atenção que as que foram feitas no passado e que acertaram.
Este fenómeno deve-se a um enviesamento em favor das previsões que acabaram por acertar. Antes da ocorrência dos factos, essas previsões fazem parte de um vasto grupo de previsões que podem ou não acertar. Nas sociedades humanas existe necessariamente assimetria de informação. Ninguém sabe tudo ao mesmo tempo, pelo que as pessoas têm que estabelecer prioridades de acordo com a informação que possuem. Quem diz, depois dos factos ocorridos, que as coisas poderiam ter corrido de forma diferente, não percebe que os limites à propagação de informação numa sociedade são um obstáculo tão real e tão instransponível como qualquer obstáculo físico. As sociedades humanas não são omniscientes. Se uma pessoa dispõe de determinada informação e num determinado momento, nada garante que essa informação é verdadeira ou relevante para todas as pessoas nem existem necessariamente mecanismos eficientes façam chegar em tempo útil essa informação a quem está em condições de resolver o problema.