O castelhano é hoje a segunda língua nos Estados Unidos e estima-se que venha a ser a primeira a partir de 2050. Em alguns Estados, tão relevantes em termos económicos ou demográficos como a Califórnia ou o Texas, a população hispânica já representa um terço do total e o seu peso já se vem reflectindo a nível político com a eleição recorrente de congressistas ou outros cargos de âmbito estadual ou local. Embora menos expressiva, a comunidade asiática vem também denotando uma influência crescente, sobretudo ao nível económico.
Toda esta evolução vai acontecendo naturalmente e sem grandes dramas, coexistindo, ao nível das diferentes comunidades e etnias, a persistência de traços culturais específicos com a assumpção plena da cidadania americana, com todos os direitos e deveres inerentes. Talvez isto explique, em grande medida, a rápida integração social das minorias.
Diferente e bem mais segregacionista é o panorama europeu. A ascensão social de minorias étnicas não é fácil e procura-se disfarçar a rejeição do diferente com o chamado "multiculturalismo". Este, atribui às diferentes comunidades direitos em excesso, numa suposta aceitação de todas as especificidades culturais, mas deveres quase nulos, o que empola ainda mais os instintos chauvinistas e cria um caldo de cultura propício ao crescimento de figurões como Le Pen. Por estas razões ou por outras, a que a História não será alheia, as comunidades islâmicas são o alvo preferido do segregacionismo europeu.
E este espírito de rejeição é algo de instintivo ao qual poucos resistem. Isto é aliás visível nos vários comentários que suscitou a minha afirmação da inevitabilidade da adesão turca à UE.