13.9.05

Sobre o galo e suas cantigas, e a valsa das nomeações

1) Diz VM que a coligação de direita cantou vitória antes do tempo. O canto da esperança de VM baseia-se precisamente em sondagens que levaram a coligação CDU/CSU/Liberais nas últimas semanas a encararem com optimismo as eleições. Canto por canto, cada um escolhe a sua música.

2) Eu, da minha parte, prefiro enfatizar a vitória no Japão de Koizumi, que arriscou numas eleições antecipadas o seu futuro político, em favor de um programa de governação audaz, e que visou não ter de atrasar as reformas liberais de que este país tanto necessita.

Koizumi é um exemplo de coragem política e frontalidade para os políticos europeus, que soube falar verdade ao seu eleitorado, que preferiu não governar a ter de enfrentar um jogo de compromissos com os conservadores (leia-se, do status quo), e foi recompensado por isso.

3) Subscrevo integralmente a posição de VM sobre a escolha de Oliveira Martins para o Tribunal de Contas. Vou até mais longe: Oliveira Martins tem competência suficiente para o cargo, não se justificando as críticas da oposição, ao bom estilo «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço». As críticas têm de ser incisivas, e até darem resultados, em casos como a nomeação de Armando Vara ou Fernando Gomes (sobretudo no primeiro caso, um verdadeiro crime de «lesa magestade»). Ao protestar de uma forma tão veemente sempre que há uma nomeação - não separando o «trigo do joio» - os protestos ajudam os maus a «legitimarem-se»: é que quem tem a «lata» de se justificar - como o fez Armando Vara - com «22 anos de ligação à CGD», sem quase não ter posto lá os pés, a não ser para depositar e levantar dinheiro (ou actualizar a «caderneta»), deve esfregar as mãos de contente ao ver que pode sempre alegar que foi vítima de perseguição partidária por parte da oposição...

As pessoas, ou são competentes e idóneas, ou não o são. Se o forem, pouco interessam as ligações partidárias.

Rodrigo Adão da Fonseca