2.1.06

As Bolsas em 2005

Como se pode ver no quadro ao lado, portaram-se muito bem e encerraram em alta generalizada pelo terceiro ano consecutivo. Também pela terceira vez, a liderança pertence aos chamados mercados emergentes, seja no curto, seja no longo prazo, reflectindo de resto o maior crescimento económico dos países emergentes. Mesmo se ajustados os índices para o dólar ou para o euro, a maioria daqueles mercados encabeçaria ainda assim o ranking anual.

O efeito petróleo explicará em grande medida a subida estratosférica verificada em Moscovo, um mercado a denotar algum sobre-aquecimento, à semelhança do turco, não sendo de estranhar a ocorrência de correcções bruscas a curto prazo.

Dos grandes mercados, o destaque vai para o japonês, a apresentar uma robusta valorização de 40%, como que antecipando o sucesso da "agenda liberal" de Koizumi. Mesmo assim, os 16 mil pontos do Nikkei ainda estão muito longe dos mais de 40.000 atingidos antes do crash de 1987.

Na cauda, situam-se curiosamente as bolsas chinesas e americanas, indiciando dúvidas quanto à persistência de elevadas taxas de crescimento económico nos "paraísos do neo-liberalismo selvagem". E é inevitável que desequilíbrios orçamentais e (ou) comerciais terão, tarde ou cedo, de se corrigir.

Zurich lidera as bolsas europeias (um refúgio no meio da UE?), seguida de perto por Frankfurt, esta a acreditar que será a Alemanha a encetar a correcção do modelo social europeu. Na cauda da Europa, as bolsas de Lisboa e de Milão, por sinal dos dois países que menos cresceram em 2005 e que menos irão crescer em 2006.

Mesmo assim, houve oportunidades interessantes no nosso "mercadinho": desde a estreante e liderante Altri que, cindida da Cofina em Março valorizou quase 170% desde então, às "betuminosas" Semapa (+66%) e Mota-Engil(+64%), grandes beneficiárias da próxima "elefantíase" TGV/Ota, passando pelos gigantes da distribuição Sonae (+55%) e Jerónimo Martins (+31%) e pelos pesos-pesados da Banca, o BPI (+30%) e o BCP (+23%). Pela negativa, destaque para a PT (-6%) e respectivo filhote PT Multimédia (-48%) e para a "balsemânica" Impresa (-14%), qualquer delas a denotar os efeitos de uma bendita e cada vez mais agressiva concorrência.

Enfim, desde que se esteja preparado para perder, vale a pena especular. Com a vantagem de se prestar um relevante serviço público...