8.1.06

Nacionalismo económico disfarçado de defesa da concorrência II

A EDP tem em Portugal, naquilo que é o mercado não liberalizado, uma quota de mercado de praticamente 100%. Em que é que a entrada da Iberdrola na EDP prejudica a concorrência? Em nada porque não há concorrência no mercado de consumo.

Mas havendo concorrência no mercado de capitais, a ameaça de entrada é um factor que pressiona a EDP a prestar um bom serviço. Porque, das duas uma, ou a EDP se moderniza e passa a prestar um bom serviço a baixo custo, ou será comprada por quem for capaz de o fazer. E se não for comprada perderá quota de mercado.

Só que, a ameaça de compra só um factor decisivo enquanto o mercado de capitais puder funcionar. Isto é, enquanto as empresas puderem ser compradas pela concorrência.

Por outro lado, a entrada da Iberdrola na EDP é reconhecida, mesmo pelos críticos, como um factor que condiciona a estratégia da EDP a favor da Iberdrola. Ou seja, condiciona a estratégia do monopolista face ao challenger. Nestas condições, qualquer limitação artificial ao funcionamento do mercado de capitais tem como consequência o favorecimento do monopolista.

Nota: a análise tradicional da concorrência tende a considerar mercados perfeitos, que na realidade não existem, e a ignorar a concorrência no mercado de capitais, a qual é muitas vezes o factor mais decisivo de inovação e redução dos preços.