No Largo do Rato, parece ter já começado o rescaldo das presidenciais.
No último Congresso do Partido Socialista, Sócrates venceu com uma maioria clara o outro candidato a Secretário-Geral, o agora candidato presidencial Manuel Alegre. Temendo que Alegre possa aproveitar o élan resultante do seu mais-que-provavelmente muito positivo resultado eleitoral, Sócrates estará a preparar-se para antecipar o Congresso, tentando assim evitar que Alegre tenha tempo para "tomar conta de parte do aparelho".
O sitema semi-presidencialista português dá lugar a situações como esta. Dada a tradição portuguesa de se nomear o presidente (à direita) ou secretário-geral (à esquerda) dos partidos mais votados em eleições legislativas para o cargo de primeiro-ministro, a realização de congressos eleitorais nos partidos que ocupam o poder não será uma ideia algo sem sentido? Na verdade, o que sucederia ao actual Governo se, por mera hipótese, Sócrates perdesse a liderança do PS para Alegre no próximo Congresso? Demitia-se? Era demitido por Cavaco, com fundamento no irregular funcionamento das instituições democráticas? E Soares, tentaria a sua sorte no regresso à liderança do partido que fundou?