O semi-presidencialismo é o pior de todos os sistemas porque, para alem de tudo o mais, permite a coabitação de dois poderes com a mesma legitimidade eleitoral tendo o presidente a capacidade para bloquear ou validar a política seguida pela maioria na AR. Quando os dois poderes são da mesma cor política, o presidente dificulta o trabalho da oposição dando cobertura ao governo. Quando os dois poderes são de cores políticas diferentes, o presidente é a oposição pelo que o governo é obrigado a moderar o seu programa e os partidos da oposição perdem espaço político apagando-se. Em qualquer dos casos, e tendo em conta que o presidente é uma figura consensual preocupada com os pactos de regime e com os desígnios nacionais, a sua acção tende a dificultar a competição entre projectos políticos verdadeiramente antagónicos.
Sendo assim, com Cavaco na presidência, Sócrates seguirá um programa político ainda mais ao centro, mais próximo das ideias de Cavaco, retirando todo o espaço político ao PSD. Com este cenário ganham os extremos à esquerda e à direita.