24.1.06

You heard it here first! - II: VEIO PARA FICAR?

A propósito do que nota o João Miranda, aqui, trancrevo um pequeno artigo de Outubro de 2005 (já foi publicado na nossa imprensa):

A Renault lançou em 2005, no mercado francês, o seu novo Dacia Renault Logan.
A comercialização deste automóvel, em França, foi algo inesperada, na medida em que - salvo erro - ainda em 2004, ou seja, cerca de um ano antes, o Presidente da marca francesa tinha declarado que dificilmente tal veículo teria interesse para os mercados da Europa ocidental. Na verdade, o Logan resulta de uma pareceria (muito frutuosa) estabelecida entre o construtor francês e a Dacia - uma fábrica de automóveis romena que, desde há décadas, produz e comercializa, sob licença da Renault e para o respectivo mercado nacional, automóveis.
Ora, o grande argumento comercial do Logan reside no seu preço: a partir de 7.500 Euros é possível comprar um, "novinho em folha". Claro está que o dito automóvel nada tem de inovador já que aproveita a mecânica do tradicional Megane e, além disso, prescinde de tudo o que seja acessório corrente (nem vidros eléctricos tem!). Ah! - importa não esquecer o pormenor - é todo produzido nas fábricas romenas da Dacia, onde o salário médio é de 200 Euros/mês.
Mas, o que é que precipitou a comercialização (com muito sucesso, diga-se!) deste novo Dacia Renault?
Um argumento de peso e de preço!
Soube-se que a Geely - construtor chinês de automóveis - prepara-se para comercializar os seus veículos na Europa. Sucede que os futuros carros chineses, da classe do Logan (utilitários/familiares) poderão ser comercializados a um preço-base de 3.000 Euros, sendo que, já hoje em dia, em certos mercados, é possível, pelo preço do Logan (cerca de 7.500 Euros, ou um pouco mais), adquirir-se um "todo-o-terreno" chinês, de topo de gama!
Claro que, por enquanto, tais veículos chineses têm muitas deficiências, sobretudo, ao nível da segurança passiva....mas, há aqui algo, nesta guerra comercial, que nos faz recordar, de algum modo, a entrada, nos mercados europeus, das marcas japonesas, nos anos de 1970. Também eram carros sem grande imagem, nem "estatuto" de mercado, não seriam bonitos e, provavelmente, se as exigências de segurança fossem as que se requerem hoje em dia (e bem!), talvez tivessem, inicialmente, sido considerados automóveis não muito seguro....Porém, parafraseando o slogan publicitário de uma afamada marca japonesa, nesses idos anos de 1970, "vieram para ficar"!
Como será com os Chineses?
Nos automóveis e em todos os produtos de grande consumo? Com a adesão à OMC, será que a China, definitivamente, também "veio para ficar"?