23.5.06

Que pena!

Carrilho é, de facto, o "rosto da derrota eleitoral".

Passou a sê-lo, definitivamente, quando o seu hiper-ego lhe tolheu a lucidez, impedindo-o de compreender a realidade. A sua (auto-proclamada) cruzada contra as cabalas das agências e contra o mau jornalismo seria até louvável, interessante de seguir, oportuna, talvez mesmo corajosa... não fora o facto de se compreender e de se sentir, de uma forma incomodada, que ela (a cruzada) não é mais do que um pretexto para encontrar "bodes expiatórios". Pretextos para continuar a não ver a realidade (por pior que ela seja), sobretudo, a sua realidade!

Assim - e é pena! - aquilo que poderia ser uma excelente cruzada arrisca-se a não ser mais, para quase todos, do que uma reacção patética de quem resolveu mostrar, em público e por escrito, a sua ineptidão para a política - para a política que existe, suja ou não; para o jogo da política real e não para uma versão idealizada, virtual, de uma política imaginada como um mero palco ou anfiteatro para contemplarmos, como porcos, as pérolas da inatingível sabedoria e virtude do Professor Carrilho!###

É pena que se corra o risco de se confundir algo que é interessante, que é um problema real, que será uma distorsão do jogo da democracia com um pretexto para que um mau candidato, com uma má campanha possa, a posteriori, auto-justificar (talvez mesmo, principalmente, para si mesmo!) a sua derrota eleitoral.

O "rosto da derrota eleitoral" que Carrilho nos fez questão de mostrar é bem pior e muito mais marcante do que o aproveitamento de um qualquer minuto infeliz de intimidade familiar (indevidamente) mostrada, num qualquer mau vídeo de campanha!