13.1.07

concílio


No próximo sábado, 20 de Janeiro, os blasfemos reunem-se em concílio, numa localidade secreta do centro do país, para deliberar sobre aquilo que normalmente incumbe a um concílio deliberar - as "questões de doutrina e de disciplina". Nesta caixa de comentários, eu gostaria de convidar todos os leigos (comentadores) a apresentarem as suas sugestões acerca de matérias que considerem importantes para o futuro do blogue.

A reunião terá lugar à volta de uma mesa - de almoço - e consta que a sobremesa será constituida por doces feitos pelos frades de um convento local (o CAA já se declarou em situação temporária de dieta).

A verdade, porém, é que o sucesso do Blasfémias se deve ao facto de, embora sem o pretender e muito menos desejar, possuir imensas semelhanças com a Igreja Católica. Eis algumas:###

Primeiro, na Igreja Católica os concílios são raros, assegurando a estabilidade da doutrina e conferindo um carácter de mistério e de solenidade à sua realização. Assim também no Blasfémias. É o primeiro concílio em que participo e penso que na história do blogue não terá havido mais do que um - se é que terá havido algum.

Segundo, a Igreja Católica é uma organização muito pluralista e essa é a chave do seu sucesso milenar. Ela abre a porta a católicos, protestantes, membros de todas as outras religiões, até agnósticos e ateus O Blasfémias também, como a questão recente do aborto evidenciou: há blasfemos pelo sim, há blasfemos pelo não e há blasfemos pela abstenção. E existem, naturalmente, os blasfemos, ateus, os agnósticos e os crentes.

Terceiro, a Igreja Católica é uma organização predominantemente de homens, onde as mulheres são vistas com alguma apreensão e só devem ser admitidas de uma forma muito lenta e gradual. O Blasfémias também: só tem a Helena Matos.

Quarto, num concílio da Igreja Católica, os bispos frequentemente não se conhecem uns aos outros e só travam conhecimento pessoal durante o concílio. Acontece o mesmo entre os blasfemos, alguns dos quais não se conhecem, e vão encontrar-se pela primeira vez no próximo
sábado.

Quinto, a Igreja Católica é uma instituição totalmente aberta à crítica. É talvez a instituição que - mais do que qualquer outra na história da humanidade - aceita, e secretamente encoraja, que as pessoas a critiquem, a insultem, lhe atribuam coisas que ela não fez, a maltratem e a violentem. Ao fazê-lo, ela pretende trazer à evidência como a humanidade é frequentemente alarve, estulta, ignorante, violenta e bruta - e de como, portanto, a humanidade necessita da sua liderança. É essa também a função das caixas de comentários abertas que caracterizam o Blasfémias.