Os custos estão agora aí. O desemprego, em primeiro lugar, e a devastação, um a um, dos sectores tradicionais da economia portuguesa, desde a agricultura, passando pelos texteis, o vestuário e o calçado, o sector automóvel, até o turismo. A recessão, que já está instalada no país, vai acentuar-se. E agora não restam sequer instrumentos de política económica para a contrariar. A política cambial e a política monetária foram embora com o escudo, e a política fiscal, nas condições actuais do défice orçamental, só pode ser utilizada para agravar a recessão - e é isso que está a fazer.
Para os investidores internacionais, Portugal é um país caro, cujos salários não são justificados pela produtividade dos trabalhadores. Os impostos são elevados para a qualidade dos serviços que a administração pública oferece ao investidor potencial; o sistema de justiça não consegue fazer cumprir um contrato em tempo útil, se é que o consegue fazer cumprir de todo. Para os turistas potenciais a situação não é diferente. Portugal é um país caro, facilmente batido na relação qualidade-preço pelos seus concorrentes mais próximos, a começar por Espanha.
Uma certa argentinização da sociedade portuguesa é inevitável nos próximos anos. E se o euro fez sete anos, tendo Portugal como membro, na minha opinião não durará outros sete tendo Portugal como membro.