11.1.07
A grande distância do Sim
Pelo menos três membros do Blasfémias já anunciaram as posições que irão tomar no referendo sobre o aborto: CAA (sim), Gabriel (não), eu próprio (abstenção). Muito provavelmente, serei eu a estar na maioria - na qual já estive no referendo de 1998 (uma maioria de quase 70% do eleitorado).
Muito pouco habituado a estar na maioria - menos ainda numa maioria que é neutra -, não tendo razões poderosas para tomar partido por uma ou outra das partes, aquilo que me resta é observar o debate a partir da posição de neutralidade que esta situação alegadamente me confere. E é isso que pretendo fazer. A minha avaliação é genérica e não tem nada que ver com as pessoas e as posições e argumentos particulares avançados pelo CAA e pelo Gabriel citados acima (eles são dois bons defensores de cada um dos campos em confronto).
Numa avaliação genérica que tomasse em conta o empenhamento de cada uma das partes no debate; a qualidade dos argumentos apresentados; a forma como têm sabido explorar a seu favor a formulação da pergunta que é apresentada no referendo; a coragem que exibem perante a injustiça de terem de travar uma batalha que já ganharam no passado e que se vêem forçados a travar outra vez; a firmeza das suas convicções, mesmo partindo de uma posição que as sondagens dão como minoritária, quase que a provar que a fé é capaz de remover montanhas; e, sobretudo, pela forma como tratam os seus adversários:
Por tudo isto, eu daria uma vitória inequívoca ao Não. A grande distância do Sim.