23.1.07

O estado da questão

«Em 1998, diz-se agora, as posições eram mais «arrumadas», porque o Não tinha e mantinha o seu argumentário, e o Sim era mais espesso e radical do que hoje. Em 2007, temos Sim, Não e os híbridos: o Nim; assim não, doutra forma talvez; diga-se Não mas suspenda-se o Sim; vote-se Não mas deixe-se lá estar a lei e faz de conta que está tudo bem, Sim? (...) Mesmo na esfera das posições híbridas, há diversidade conceptual. Alguns dos que seguem esta linha de pensamento, podem ainda votar Sim (espero que sim). Outros vão preferir abster-se (espero que não). Mas, se entre este grupo intermédio parece encontrado um consenso amplo sobre a não penalização das mulheres que voluntariamente interrompam a gravidez, como votar Não?»
Marta Rebelo, no Sim no Referendo.
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Eu concordo, em princípio, com o SIM mas vou votar NÃO porque:
- a pergunta não está bem feita (argumento Marcelo Rebelo de Sousa);
OU
- a pergunta esconde outros propósitos inconfessáveis não visíveis no seu texto (argumento JM);
OU
- este tipo de questões não deveria ser objecto de referendos (argumento Pedro Arroja);
OU
- concordo com descriminalização mas com se trata de despenalização (ou vice-versa) ...;
OU
- se em vez de 10 semanas fossem apenas 9 ou então se fossem 11 ...;
- como sou de direita, se ao menos o BE não defendesse o SIM ...;
OU
- como sou de esquerda, se ao menos o CAA votasse NÃO ...;
OU
- se ao menos a pergunta explicitasse que o orçamento do SNS não vai ser onerado ...;
OU
- se a pergunta viesse acompanhada de um declaração de todos os partidos políticos, Assembleia de República, e Ministros a indicar o que pretendem fazer se o SIM ganhar ...;
Enfim, tudo razões importantes para ponderar no momento da decisão (argumento JM) e esquecer o que realmente importa.


José Silva, em comentário a esta posta do João Miranda.