23.1.07

Assim é que vamos lá, "josé"...

O "josé", da GLQL, contestou veementemente a minha prestação no "Choque Ideológico" de ontem, na RTPN. O meu principal pecado estaria nesta conclusão: "A justiça está a bater no fundo na mente das pessoas" que, segundo "josé", envolveria um imperdoável apoucamento de figuras como "... Figueiredo Dias, Costa Andrade, Eduardo Correia, Cunha Rodrigues, entre outros..." (e o Doutor Figueiredo Dias? Ai, ai, ai, "josé").
Após um ligeiro período de surpresa por ver alguém como Cunha Rodrigues alçado às alturas de um tal Olimpo, a virulência da crítica leva-me a fazer um condoído mea culpa:
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- A justiça não está a bater no fundo. Tudo corre bem na justiça portuguesa. Os pequenos pormenores que não estão ainda perto da perfeição são culpa dos políticos. E dos jornalistas. E, sobretudo, daqueles que andam sempre a dizer que a justiça portuguesa não é a melhor do mundo. Porque é. Já ouvi mais do que um magistrado a garantir isso mesmo. As nossas leis são magníficas. E não perdem nada com a tradução do alemão, ao contrário do que afirmam alguns ranhosos. Os nossos magistrados são do melhor que há. Principalmente os do Ministério Público. A sua preparação é excelente, mormente em matéria de direitos fundamentais. A sua percepção da realidade está acima de qualquer crítica. E, todos juntos, os nossos magistrados são melhores do que ninguém a fazer a higiénica distinção entre «... os aspectos jurídicos do(s) caso(s) e as suas envolventes humanas». Que é o que é preciso. Por isso é que os nossos Tribunais funcionam tão bem. Magnificamente, aliás. Doutas sentenças, organização no serviço, cumprimento de horários, respeito pelas pessoas. Alguns alegam que os processos demoram um pouco de tempo a serem resolvidos - mas não poderia deixar de ser assim. Depressa e bem não há quem. E o tempo é apenas um pormenor. O que importa é não mexer no que está. Porque está muitíssimo bem. E as pessoas sabem bem disso. Confiam nos Tribunais. E nos magistrados. E na Justiça, em geral. Apesar das campanhas orquestradas pelos jornalistas. E pelos políticos. E por gente que não percebe nada disto. Porque não fazem parte do SMMP. Nem da ASJP. Nem mesmo das estruturas da OA. Nem do SFJ. Por isso, não entendem o que se passa. Nós é que sabemos. Os outros calem-se. E aguentem.

Espero ter ganho um breve período de tréguas da parte da sua corporação. E prometo não mais beliscar a V. percepção tão apurada das coisas, lá, no assento etéreo onde subiram e donde nunca mais resolveram descer...