Tal como o JCD, também eu, cada vez mais, me sinto, cada vez menos, «esclarecido» sobre o que se vai votar no referendo do dia 11 de Fevereiro. De resto, como já assinalara num «post» editado há algum tempo, se a despenalização e até a descriminalização do aborto não me incomodam especialmente, sobretudo por ter em conta a inultrapassável evidência da realidade, já o facto de o Estado «garantir» a sua prática incomoda-me solenemente. Na verdade, como já disse e repito, uma gravidez não é uma doença que tenha de ser necessariamente «tratada» pelo Serviço Nacional de Saúde. Até porque, sendo, também, para muitos, uma questão moral, ética e religiosa, estes não devem, ou melhor, não podem ser obrigados a subsidiar indirectamente, por via tributária, uma prática que condenam. Também não me convencem - nunca me convenceram - os cenários neo-realistas dos abortos em vão de escada, em condições miseráveis para as mulheres. Os «vãos de escada» existem por a prática ser ilícita e não por ser cara ou barata. De resto, uma vez despenalizada (como sucede, na prática, na nossa vizinha Espanha) as clínicas privadas resolverão esse problema, a preços condizentes com as possibilidades da procura, como é evidente.
Em conclusão, o modo como este referendo foi conduzido - aborto penalizado ou aborto subsidiado, bem como a falta de inteligência da campanha do «Sim» (embora a do «Não» também não deixe, neste domínio, os seus créditos por mãos alheias) pode muito bem condená-lo ao fracasso. Uma vez mais.
Em conclusão, o modo como este referendo foi conduzido - aborto penalizado ou aborto subsidiado, bem como a falta de inteligência da campanha do «Sim» (embora a do «Não» também não deixe, neste domínio, os seus créditos por mãos alheias) pode muito bem condená-lo ao fracasso. Uma vez mais.