7.4.04

BANCA PÚBLICA, REGABOFE PRIVADO



Parece que, finalmente, os Srs. Fernando Sequeira, Sobral Torres e Oliveira Cruz, ilustres administradores da Caixa Geral de Depósitos, não serão «reconduzidos» nos seus cargos. Eles tinham cometido o pequeno lapso, com a conivência de algum pessoal menor que já lá não está, de emprestarem 75 milhões de euros a um empreiteiro, sem obedecerem a uma minudência burocrática, um pormenor meramente formal, que teria sido levarem o pedido de crédito a Conselho de Administração, onde deveria ser aprovado ou rejeitado, dados os montantes envolvidos. Não consta que tenha sido aberto algum inquérito pelo Ministério Público ou, sequer, um inquérito interno para apuramento de responsabilidades. Apenas não serão reconduzidos nesses cargos, embora nada os impeça de serem nomeados para outros, ou virem-se embora com chorudas reformas antecipadas. Provavelmente em sinal de gratidão para quem nomeou semelhantes luminárias, o ex-ministro socialista Pina Moura, o actual ministro social-democrata José Luís Arnaut moveu as influências que pode para colocar o «Cardeal de Guterres» no novo Conselho.
Como se comprova mais uma vez, privatizar a Caixa seria um acto de lesa-pátria. Era expôr a cobiças alheias, quem sabe se dos espanhóis, um património que é de todos os portugueses. Embora mais de uns do que de outros.