16.9.04

PALHAÇADAS (7)

O que se tem passado neste dias ao nível da educação é absolutamente chocante: professores sem saberem onde vão dar aulas e até em que disciplina. Muitos sem saberem onde e em que condições vão viver o resto do ano. Onde colocar e quem cuidará dos seus próprios filhos.
Famílias que tem de recorrer a esquemas imaginativos para conseguirem forma de alguém cuidar dos seus filhos até ao dia incerto em que começarão as aulas regulares. Conheço vários casos em que as crianças vão com os pais para os locais de trabalho....
Empresas preocupadas com o aumento do abstencionismo dos seus trabalhadores, por motivo de terem de dar assistência aos seus filhos.

Os cidadãos, os pais, os alunos e os professores tem hoje toda a legitimidade para manifestarem ao Governo, ao Estado a sua revolta com o que se está a passar com a educação e os atrasos e prejuízos económicos e pessoais inqualificáveis que ocorrem por todo o país.
Aos interessados, indica-se o programa governamental para hoje: Às 12.00, o Secretário de Estado Adjunto e da Administração Educativa, José Portocarrero Canavarro, visita no Fundão a Escola de Santa Teresinha, no âmbito da abertura do ano lectivo. Às 15.00 estará no em Castelo Branco, no Jardim de Infância da Boa Esperança. E o Secretário de Estado da Educação, Diogo Feio, visita em Águeda a Escola Secundária com 3º Ciclo, Marques Castilho.
A ministra da educação deve estar no gabinete a ultimar a lista de colocação de professores.

Bom seria que os responsáveis governamentais, em vez de irem visitar escolas onde tudo corre bem, para aparecerem na fotografia e na tv, se deslocassem a escolas que não abriram, encarando pais, alunos e professores e se desculpassem e explicassem o porquê de tal situação, indicando medidas urgente a tomar.Uma comunicação honesta e eficaz por parte do Governo de que existia incerteza quanto à data efectiva do início das aulas, explicando os motivos porque tal sucede, pedindo desculpas pelo sucedido e indicando as medidas que estão a ser tomadas para resolver a situação, seria certamente não só desejável como mais eficaz do ponto de vista político. Estranho hábito este de os governantes nunca assumirem os fracassos, nunca darem explicações, e sempre, sempre tentarem passar a imagem, na maior parte dos casos falsa, de que está tudo bem. É um deficiência grave da vida democrática.