A propósito desta e desta postas, o José Barros escreveu um comentário que me surpreendeu:
«o que significa que, para o CEJ, é mais importante um candidato ter cultura geral do que saber direito. Isto é tanto mais risível quanto a cultura geral de muitos magistrados deixa a desejar.»
«o que significa que, para o CEJ, é mais importante um candidato ter cultura geral do que saber direito. Isto é tanto mais risível quanto a cultura geral de muitos magistrados deixa a desejar.»
Não sei se é mais importante ter cultura geral (conceito excessivamente vago) ou «saber de direito».Nem vi o teste deste ano para perceber se continua a triste moda das Boaventuranças. Mas estou ciente que sem cultura não há Direito que resista.
De facto, é atordoante a falta de rudimentos culturais de alguns licenciados em direito. Com consequências danosas em qualquer profissão jurídica - o direito apenas é uma parcela de cultura de uma sociedade - mas especialmente perversos no exercício da magistratura.
É que ser magistrado é muito diferente de se ser um técnico de direito, como, aliás, o José Barros saberá muito bem.Para decidir uma questão jurídica, mais, até, do que o conhecimento exacto das normas aplicáveis, importa uma mundovisão que só as lentes bem focadas da cultura podem proporcionar. Pelo menos quando falta, claramente, a experiência da vida.
De facto, é atordoante a falta de rudimentos culturais de alguns licenciados em direito. Com consequências danosas em qualquer profissão jurídica - o direito apenas é uma parcela de cultura de uma sociedade - mas especialmente perversos no exercício da magistratura.
É que ser magistrado é muito diferente de se ser um técnico de direito, como, aliás, o José Barros saberá muito bem.Para decidir uma questão jurídica, mais, até, do que o conhecimento exacto das normas aplicáveis, importa uma mundovisão que só as lentes bem focadas da cultura podem proporcionar. Pelo menos quando falta, claramente, a experiência da vida.
Evidentemente, concordo que muitos dos que agora são magistrados revelam-se igualmente canhestros e boçais em qualquer área que se distinga da aplicação automática de normas - mas, algum dia, esta lógica de abastardamento cultural terá de ser invertida.
Como dizia um meu antigo Mestre: "quem alega só saber de Direito nem de Direito sabe".
Enfim, o pior de tudo é termos juízes alegremente ignorantes das coisas da vida e inconscientemente cegos no plano cultural. Como rezava um ditado antigo português: "Deus nos livre dos juízes novos e das rameiras velhas".
Das segundas ainda podemos escapar; aos primeiros, infelizmente, essa fuga é bastante mais difícil...