Dele se disse um dia que era o político mais aristocrata. E de facto, a imagem que criou apresentava-o como vivendo numa redoma, isolado, longe da plebe, num distanciamento com que procurava marcar a sua superioridade. Como quase todos os aristocratas, era um conservador, com uma visão estática do mundo numa perspectiva a preto e branco.
Politicamente, foi um vencido. Tal com Salazar, professou valores rígidos e assistiu em vida ao esboroar do "seu" mundo. Viu o comunismo morrer por todo o lado, subjugado pela globalização capitalista, que não poupou sequer a "sua" União Soviética.
Como todos os grandes líderes, provocou manifestações de adesão ou de repulsa. Tenha-se gostado ou não dele, foi dos personagens mais fascinantes da nossa história e talvez um dia, a análise do seu espólio nos permita conhecê-lo melhor.
Após a sua morte súbita, o seu principal legado, o PCP, continua em agonia lenta. Por quanto tempo?