Teresa de Sousa, no Público: «E que tal um pouco de bom senso?»
«(...) Mas muitas das coisas para as quais o Governo britânico chama a atenção deviam ser debatidas de uma vez por todas. Por exemplo, a que título o orçamento da União está, e estará pelo menos até 2013, refém da PAC, cujos maiores beneficiários (a maior fatia cabe à França) são, no geral, os países mais ricos. A que título, nas actuais circunstâncias europeias, os fundos estruturais devem continuar a ir também para as regiões mais pobres dos países ricos, em vez de se concentrarem nos países pobres? Valia certamente a pena ver um pouco para além da conveniente rebate britânica e promover uma discussão mais séria sobre um orçamento comunitário que reserva 46 por cento das suas verbas para manter uma agricultura subsidiada que ocupa 4 por cento da população europeia e que é, ao mesmo tempo, a maior máquina de destruição dos mercados agrícolas dos países mais pobres do mundo, contribuindo com enorme eficácia para que não consigam vencer a espiral da pobreza. Haverá maior irracionalidade?
Mas este é o debate que não convém fazer. Nem à França, naturalmente, nem aos países mais pobres (os novos ou os velhos, como Portugal), muito mais interessados em chegar ao fim com o mínimo de perdas possível (e calcula-se quem tem o poder de distribuir algumas benesses finais...), do que em questões de equilíbrio e equidade. (...)»
«(...) Mas muitas das coisas para as quais o Governo britânico chama a atenção deviam ser debatidas de uma vez por todas. Por exemplo, a que título o orçamento da União está, e estará pelo menos até 2013, refém da PAC, cujos maiores beneficiários (a maior fatia cabe à França) são, no geral, os países mais ricos. A que título, nas actuais circunstâncias europeias, os fundos estruturais devem continuar a ir também para as regiões mais pobres dos países ricos, em vez de se concentrarem nos países pobres? Valia certamente a pena ver um pouco para além da conveniente rebate britânica e promover uma discussão mais séria sobre um orçamento comunitário que reserva 46 por cento das suas verbas para manter uma agricultura subsidiada que ocupa 4 por cento da população europeia e que é, ao mesmo tempo, a maior máquina de destruição dos mercados agrícolas dos países mais pobres do mundo, contribuindo com enorme eficácia para que não consigam vencer a espiral da pobreza. Haverá maior irracionalidade?
Mas este é o debate que não convém fazer. Nem à França, naturalmente, nem aos países mais pobres (os novos ou os velhos, como Portugal), muito mais interessados em chegar ao fim com o mínimo de perdas possível (e calcula-se quem tem o poder de distribuir algumas benesses finais...), do que em questões de equilíbrio e equidade. (...)»