Infelizmente, estou com uma daquelas segundas-feiras dramáticas, razão pela qual não vou ter oportunidade de comentar com a profundidade que se exigiria a «Carta Aberta do Dr. Pires de Lima» do Rui Albuquerque.
Ainda assim, gostava de partilhar aqui uma ou duas ideias que penso poderão ser um bom contributo para a saudável discussão que se tem gerado à volta da «bolha liberal» formada nos últimos tempos.
Em 1993, Paulo Futre, magnífico ponta-esquerda, homem viajado, e que passou por vários clubes, entre os quais os três grandes dizia, na conferência de imprensa da sua apresentação como jogador do clube mais representativo da pequena cidade de Reggio Emilia, em Itália: «Sou da Reggiana desde pequenino». Desde pequenino.
Não sei porquê, esta frase veio-me recentemente à memória. Ninguém lhe deu na altura particular importância: e seria de dar? Obviamente, não. O homem estava lá para jogar à bola, e isto apenas significava que estava com vontade de «vestir a camisola».
A FCP, na linha daquilo que eu já tinha escrito aqui, diz no E Depois do Adeus (os itálicos são meus):
«Não sei se esta "vaga liberal" é genericamente utilitária, táctica, estratégica, convicta, genuína ou resignada. Sei que é um sinal inequívoco da falência do Estado Providência. E sei também que por muito mediática que se tenha tornado nos últimos meses, ela é ainda muito incipiente para que se abram já fracturas no seu interior.
O caminho da transição para um modelo liberal parece-me um caminho longo e díficil: (...) Admitindo que, em democracia, não é possível a substituição do actual modelo sem a adesão da maioria dos agentes políticos, talvez fosse útil que todos se empenhassem na promoção da mensagem, em vez de desperdiçarem energias a combater os seus protagonistas (...)».
Parece-me bem. Eu, da minha parte, só quero que os «novos e velhos liberais», digo, «jogadores», tenham boas prestações dentro do campo. De contrário, serão bem assobiados, e vendidos rapidamente ao Dínamo de Moscovo.
Rodrigo Adão da Fonseca