O tráfego de um grande aeroporto não se faz apenas com passageiros. A carga também dá o seu contributo e é igualmente movimentada de acordo com a lógica dos Hubs.
O caso mais significativo é o de Memphis no Tennessee, desde há vários anos o maior aeroporto de carga do mundo. Em termos de passageiros, trata-se de um pequeno aeroporto pelos padrões americanos, tendo registado em 2004 10,4 milhões de passageiros, quase o mesmo que Lisboa. No entanto, movimentou no mesmo ano e por si só 3,5 milhões de toneladas de carga, algo mais que as risíveis 134 mil toneladas movimentadas no conjunto dos aeroportos portugueses - das quais, 88 mil em Lisboa. É assim que Memphis aparece nos 30 maiores aeroportos do mundo em nº de movimentos (aterragens + descolagens), registando quase 388 mil, mais do triplo de Lisboa, com uns míseros 122 mil.
Para esta performance, contribui o facto de o aeroporto de Memphis ser o principal Hub da Fedex, a maior empresa de carga aérea do mundo, que tem outro Hub em Anchorage, no Alaska, para a distribuição de carga internacional. Anchorage é o 4º maior aeroporto de carga do mundo e não é por acaso que a Fedex aí estabeleceu um Hub: é o local que fica simultaneamente "mais perto" da América do Norte, Europa e Ásia/Pacífico.
Na Europa, há uma quase coincidência entre os Hubs de passageiros e de carga, mas divergências nos rankings: Frankfurt, que foi o 2º aeroporto em 2004 em passageiros, é o 1º destacado no que respeita a carga, remetendo Londres/Heathrow para um modesto 4º lugar, atrás de Paris/CDG e Amsterdam. Um acréscimo de 400.000 toneladas de carga movimentada em Frankfurt relativamente a Heathrow e um menor peso relativo naquele dos aviões wide-body, explicam o seu maior tráfego em movimentos de aviões. Madrid e Londres/Gatwick, que aparecem no Top 30 mundial em nº de passageiros, já não figuram no mesmo ranking relativamente à carga: Madrid porque já é periférico e Gatwick porque preterido por Heathrow. Mas constam na listagem o Luxemburgo e Bruxelas, mesmo ao lado do núcleo mais importante da economia europeia.
Em suma, a movimentação de carga aérea pode considerar-se um indicador de pujança e dinamismo económico das regiões. Não por acaso, são os aeroportos asiáticos que apresentam maiores taxas de crescimento, em carga ou em passageiros. Em Portugal, dinâmica económica é algo que não existe há muito, mas considera-se que um grande aeroporto irá provocá-la, mesmo que depois não haja aviões e carga para lá meter...