Notas sobre o mapa anterior:
1. Como bem mostra o mapa, as desigualdades em Portugal devem-se essencialmente à riqueza concentrada em Lisboa, o que sugere que as desigualdades em Portugal se devem ao centralismo político.
2. É verdade que parte da desigualdade na Europa se deve aos países de leste. Mas teria que se dever a alguma coisa. Isto é, se a desigualdade interna da União Europeia tem explicações históricas, a desigualdade interna dos Estados Unidos também é explicável pela história.
3. A União Europeia só não é mais desigual porque exclui deliberadamente os países mais pobres. Esta opção nada solidária que contribui para a desigualdade real no continente não merece nenhuma reflexão especial por parte daqueles que tanto se preocupam com os assunto sociais.
4. Se os Estados Unidos pudessem excluir os estados mais pobres e os grupos étnicos mais pobres das estatísticas, teriam certamente uma desigualdade menor.
5. Se não se pode comparar a União Europeia a 27 com os Estados Unidos, muito menos se pode comparar a Suécia com os Estados Unidos. A Suécia foi durante todo o século XX um país etnica e culturalmente homogéneo. Os Estados Unidos foram durante todo o século XX um país para onde emigraram milhões de pessoas de todas as partes do mundo, muitas delas das regiões mais pobres do mundo. Não se pode comparar aquilo que é grande e necessariamente heterogéneo com aquilo que é pequeno e necessariamente homogéneo.
6. A riqueza per capita é limitada inferiormente. Ninguém pode ter menos que zero. Mas não é limitada superiormente. Na prática, não há qualquer limite superior para a riqueza que uma pessoa pode acumular. Este motivo explica, por si só, a desigualdade de sociedades onde existe total liberdade de criação de riqueza.
7. Portugal seria muito mais igual se não contasse com a riqueza produzida por Belmiro de Azevedo. Mas também seria muito mais pobre. Note-se que a produção de riqueza não é um jogo de soma nula. A riqueza produzida por uma determinada pessoa não impede outra de produzir riqueza semelhante.
8. Os países mais estatistas têm parte da sua riqueza ao dispor das elites que o dominam. Fidel Castro é o homem mais rico de Cuba porque é dono de Cuba. As nossas elites políticas, normalmente constituida por indivíduos com salários declarados modestos, são efectivamente donos do estado, isto é, de metade da riqueza nacional e normalmente fazem com ela o que bem lhes apetece. Esta desigualdade entre a riqueza na posse das elites políticas e a riqueza na posse do cidadão comum não é contabilizada nas estatísticas.