5.9.05
Jorge Coelho, bode expiatório
Jorge Coelho foi Ministro Equipamento Social entre Outubro de 2000 e Março de 2001. Demitiu-se quando caiu a ponte de Entre-os-Rios. No entanto, ninguém conseguiu explicar a razão pela qual ele se devia ter demitido. As pontes eram uma das muitas responsabilidades do seus ministério, ninguém tinha levantado o problema da manutenção das pontes antes, ninguém tinha sequer sugerido que havia um problema com a manutenção ou com a fiscalização das pontes, a manutenção de pontes não era da competência directa do ministro (era sim dos serviços que ele tutelava), o ministro não perceia nada de pontes nem tinha que perceber e ninguém tinha apontado problemas de desorganização nos serviços. Jorge Coelho foi ministro durante ano e meio, tempo que deve ter ocupado a tratar dos assuntos das obras públicas futuras, um assunto a que os eleitores, os lóbis e a oposição valorizam muito mais do que essa coisa chata de tratar da manutenção das pontes. Mesmo que o ministro quisesse reformar os serviços, nada garante que a queda da ponte teria sido evitada, porque afinal a ponte caiu por uma multiplicidade de factores que dificilmente teriam sido detectados por uma fiscalização superficial. Note-se ainda que a ponte de Entre-os-Rios era uma das muitas pontes do país e não se poderia saber a priori que aquela era a ponte que iria cair. Nem o ministro poderia saber a priori que as pontes deviam ser a sua prioridade. Só uma fiscalização sistemática de todos os potenciais riscos poderia ter evitado o problema, mas isso não poderia ter sido feito num ano e meio. Acresce a tudo isto que os problemas estruturais do ministério já vinham de trás pelo que Jorge Coelho tinha menos responsabilidades que os seus predecessores. Sendo assim, porque é que o ministro se demitiu? Por uma razão muito simples: porque a opinião pública pedia uma cabeça suficientemente importante, e a cabeça de jorge coelho era a cabeça óbvia.