5.9.05

Leitura recomendada II

Um comentário do leitor Baphomet (retirado da área de comentários):

CRONOLOGIA

24 Agosto
A Tempestade Tropical nº13 é reclassificada como furacão de nome Katrina quando esta se aproxima e atravessa a Florida sem grandes estragos.

25 de Agosto
O Katrina entra no Golfo do México e o seu trajecto sobre mar transforma-o gradualmente numa ameaça já de nível 2.

26 de Agosto
O Katrina agiganta-se, começa a ter o aspecto dum furacão perigoso, gigante e muito compacto.

27 de Agosto
Já ninguem tem dúvidas sobre esta ameaça, a dimensão com quase 1000 km de diametro, a sua pressão interna baixissima levam o centro Nacional de Furacões a não ter dúvidas no alerta para um dos maiores e perigosos furacões de sempre. O seu trajecto para New Orleans e Missisipi ainda assustam mais.

O presidente George Bush declara o estado de emergência precisamente para possibilitar entre outras coisas a intervenção da FEMA. Todos os grandes especialistas e cientistas da área quase que gritam emocionados para toda a gente fugir de New Orleans. Ver por exemplo os blogs do Weather Undergound nesta data.

28 de Agosto

Só agora, a pouco mais de 20 horas do landfall é declarada a evacuação obrigatória de toda a população pelo Mayor de New Orleans, segundo se diz por pedido de Bush ao Mayor. As evacuações na Florida costumam ocorrer com 72 horas de antecedência. O Katrina visto do espaço é um monstro que abraça de morte quase meio golfo do México, da costa sul americana quase até ao Yukatan mexicano.

Estimava-se que ficariam nas zonas de perigo apenas cerca de 10% da população, mas ficaram mais. A responsabilidade disso será para ser apurada mais tarde.

29 de Agosto e 30 de Agosto
Katrina faz o landfall às 06:04 locais do dia 29 de Agosto., descendo de categoria 5 para 4 e ao fim de algumas horas para categoria 3. Relatos de locais e de reporters não parecem indicar um cenário muito violento. Há zonas onde nem parece chover muito. Durante várias horas até se suspirou um pouco de alívio pois o Katrina desviou-se 60 milhas de New Orleans. Nos blogs e forums de metereologia começam a aparecer muitos comentadores a dizer que a tempestade afinal não é nada de especial, há até quem diga que o Centro Nacional de Furacões mais uma vez exagerou.

Conhecer a situação real foi também muito prejudicada porque dezenas de radars regionais Nextrad de vários estados afectados (que são preciosos na medição da precipitação) ficaram danificados ou destruidos com os ventos ciclónicos.

Os ventos nas primeiras 48 horas tornam impossivel qualquer avaliação aerea e terreste da situação, tal como em todos os furacões de grande intensidade. Há que esperar para ver.

31 de Agosto
Há relatos contraditórios. Aparentemente há muitos estragos mas longe da tragédia que se esperava. Muita gente sai dos seus abrigos e começa a movimentar-se no terreno. Mas só agora a tragédia está a começar. Os diques e os proprios canais cedem, a precipitação a norte e este de New Oreans foi brutal.

A subida das águas apanha toda a gente desprevenida. Há um aparente colapso nas forças de emergência neste dia. A situação degrada-se terrivelmente e torna-se dramática e só agora toda a gente parece ter uma ideia consolidada dum cenário de catástrofe total. Nos Estados Unidos, pois na Europa pouco se falava no katrina, sendo mais importante nesse dia um incêndio em Paris ou umas negociações do Benfica em Portugal (com a excepção do jornal Publico, que desde o dia 30 deu bastante destaque ao Katrina)

1 e 2 de Setembro
Surgem os cenários de apocalipse, de morte, de roubos e gangs na rua. Os sobreviventes estão entregues à sua sorte. O resto do mundo finalmente desperta para tragédia, certamente fascinada e babada pelo poder das imagens da anarquia no país mais poderoso do mundo.

3 de Setembro
A situação começa a melhorar do ponto de vista da segurança, e inicia-se a evacuação do Centro de conferências e do superdome. Há uma gigantesca ponte aerea e terreste entre New Orleans e arredores para mover pessoas para o Texas e outros estados.

4 de Setembro
Terminou a evacuação de todos os hospitais e refúgios, e helicopteros e barcos recolheram milhares de sobreviventes retidos nos telhados das suas casas. Inicia-se finalmente a tarefa de procurar bairro a bairro mais sobreviventes e a recolha de corpos

Fim

Esta é a cronologia possivel que eu consegui recolher. Perante a dimensão e evolução desta tragédia tenho dúvidas que se pudesse ter feito muito melhor. Obviamente que houve falhas, o próprio Bush admitiu isso. Mas para mim nada justifica o massacre acusatório brutal dos media ontem e hoje sobre os americanos em geral e o Bush em particular.

Pessoalmente espero que nunca tenha que viver de perto uma situação destas para comparar serviços de emergência. E se acontecer, espero que do outro lado do Atlantico estejam mais pessoas empenhadas em ajudar-me do que idiotas entretidos com acusações e retórica política.