19.9.05

Modelos e aquecimento global

Escreve o jrf:

Já são mais que meras hipóteses. Existem eventos suficientes para concluir que algo se passa. Essa dos "modelos computacionais pouco fiáveis por falta de validação", ultrapassa-me. Por isso é que se chamam modelos, modelos científicos.


1. A principal variável que os cientistas procuram prever é a temperatura media mundial.

2. Para isso têm que ter um modelo que descreva correctamente a realidade. O modelo tem que descrever correctamente quer os fenómenos humanos quer os fenómenos não humanos.

3. Não é possível prever o clima futuro usando apenas os primeiros princípios porque nenhum computador tem poder computacional para isso. Por isso, determinados modelos a priori têm que ser substituidos por modelos empíricos que requerem dados experimentais.

5. Como o jrf saberá, os modelos científicos não são todos iguais. Alguns descrevem bem a realidade, outros não.

6. Entre os fenómenos não humanos que os modelos terão que prever estão: convecção atmosférica, evaporação dos oceanos, correntes oceanicas, movimentos atmosféricos, absorção de CO2 pela atmosfera, química atmosférica, absorção do CO2 pelos oceanos, absorção de CO2 pela biosfera, emissões biológicas, formação de nuvens, albebo e radiação solar. A relação entre todos estes fenómenos é extremamente complexa e não podem ser modelizadas a priori quer porque o poder computacional disponível não o permite, quer porque muitos dos fenómenos nem sequer estão identificados.

7. Para além dos fenómenos não humanos é necessário ainda contar com os fenómenos humanos. As emissões futuras de CO2 dependem da evolução tecnológica e económica de todos os países do mundo, principalmente dos países do tercieiro-mundo. O IPCC nem sequer se dá ao trabalho de modelizar estes fenómenos preferindo usar cenários.


8. Como é evidente, a qualidade das previsões do IPCC depende da qualidade dos modelos utilizados. E a qualidade dos modelos não está garantida porque eles não se baseiam em princípios básicos da física consensuais mas em teorias simplificadas baseadas em dados empíricos. Ora, modelos assim construídos têm que ser validados.

9. Para validar os modelos, o IPCC usa os modelos para prever o passado. Se o resultado não for satisfatório, o IPCC revê os modelos até acertar. Nos últimos anos, o IPCC procedeu a várias revisões das suas previsões e dos seus modelos e nada nos garante que essa revisão não vai continuar no futuro. Antes pelo contrário. O procedimento utilizado garante apenas que os modelos conseguirão um dia prever as situações que ocorreram no passado, mas não garante que conseguirão prever acontecimentos futuros.

10. Em geral, os modelos empíricos são meros ajustes a dados experimentais e não podem ser usados para além dos limites para os quais foram validados.