Tal como já esperava (quem foi o tolo que disse que um pessimista se desilude menos vezes?) percebi um tom de alegria mal disfarçada nos comentários dos "especialistas" que tentavam explicar «como é que a nação mais poderosa do mundo se mostrou tão impreparada para esta tragédia». Os remoques de Chavez foram exaltados.
Enraivecido, mudei para a FOX (e acabei por perder as noticias do futebol, p...).
Depois do almoço quis escrever alguma aleivosidade a esse propósito. Mas, uma indicação do RAF levou-me ao Acidental. Tudo aquilo que eu queria dizer, vi escrito pelo Henrique Raposo muito melhor do que eu teria ensaiado:
«o Rico é mau, gordo, cínico e hipócrita enquanto que o Pobre é, naturalmente, bom, magricela, puro e verdadeiro. Criou-se o melodrama que anima românticos e esquerdistas há mais de dois séculos: carrasco vs. vítima, algoz vs. mártir. É a mesmo lógica das religiões. (...) Ainda hoje há consequências deste sistema moralista que entranhou toda a cultura ocidental. Algumas pessoas, contra todos os factos e evidências, ligam terrorismo à pobreza. Não percebem é que estão a insultar todos os pobres do mundo. Mais: percebe-se que têm uma visão mistificada de pobreza. É a visão de Rousseau, aquele que vivia da protecção dos? ricos.
(...) a América, porque é rica, não merece piedade. A piedade é só para os pobres. Há seres humanos X ? os bons - e seres humanos Y ? os patifes. É como ver um melodrama mexicano ou novela venezuelana. Uma tragédia num lado qualquer é mesmo uma tragédia. Uma tragédia na América não é bem uma tragédia mas um casualidade natural. Para alguns, não somos todos iguais.»