O furacão Katrina tem sido objecto de um amplo debate nos EUA, o que, aliás, faz sentido. O que não fazem sentido são as extrapolações de terceiro-mundismo da América feitas por quem, no exterior, vive numa situação de menor desenvolvimento e maior pobreza.
Também não faz sentido justificar certas atitudes anti-americanas aproveitando aquilo que é o seu debate interno promovido pela oposição democrata, sobretudo pelos media a estes afectos.
Ainda assim, e quem quiser acompanhar o debate interno, é importante que perceba, em primeiro lugar, o ambiente onde se está a querer integrar.
Aos que descobriram os Estados Unidos com o Katrina recomendo que tenham em atenção que, ao contrário de Portugal, do outro lado do Atlântico os media têm por hábito definir-se politicamente. Vejam, por exemplo, a lista que junto, onde constam os media pro Bush e por Kerry. Nos EUA os jornais não são como em Portugal, «independentes».
Ora, a revista The Economist assumiu ser, nas eleições, pro Kerry; a sua «declaração de interesse» consta de um editorial muito curioso onde consideraram estar perante um difícil dilema: «THE INCOMPETENT OR THE INCOHERENT?»; optaram pelo Incoerente...
Convém ainda esclarecer que a The Economist não é uma revista norte-americana , mas britânica dirigida em parte para o mercado urbano nova-iorquino e da Costa Leste (onde tem uma parte significativa dos seus leitores), sendo considerada algo left hander... pelo que não espanta que assuma a liderança, em homenagem às suas raízes europeias e pro democratas, no ataque a Bush. Mas isso é combate político interno.
Rodrigo Adão da Fonseca