15.5.06

Certificação do livro escolar e a igualdade de género

Quando se começou a falar na certificação de livros escolares por uma comissão nomeada pelo governo foi dito aqui no Blasfémias e noutros locais que a tal comissão seria facilmente politizada. A comissão seria um alvo apetecível para tudo quanto é lóbi pelo que os livros passariam a ser certificados de acordo com os critérios políticos do grupo que a cada momento dominasse a comissão. Não foi preciso esperar muito para que se confirmassem as piores previsões. A comissão ainda não existe, mas no Público de ontem já se podia ler:

Igualdade de género passará a ser acautelada na avaliação dos manuais escolares.

O Governo pretende que a avaliação dos manuais escolares passe a prever também as preocupações ao nível da igualdade de género e do combate à discriminação.

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A notícia prossegue informando-nos que a Comissão para a Igualdade para os Direitos das Mulheres terá um representante na comissão de avaliação de livros escolares.

Note-se que o código linguístico usado no artigo, que certamente reflecte aquilo que Jorge Lacão disse num seminário em Aveiro, já pressupõe uma determinada visão política da sociedade que é partilhada apenas pelas feministas. Ninguém mais no seu perfeito juízo usa expressões como "igualdade de género".

Os autores e os editores de livros escolares já sabem o que têm a fazer pelo que não se admirem se a expressão "igualdade de género" se espalhar pelos manuais de física ou de química. Aliás, os manuais de química e de física ficarão cheios de fotos da Marie Curie para que dessa forma os editores possam preencher as quotas de mulheres.

Note-se ainda que ainda não são conhecidos os critérios técnicos ou os avaliadores técnicos. A prioridade foi anunciar quais seriam os critérios políticos.

A partir de agora está aberta a caixa de Pandora. Depois da igualdade de género serão introduzidos outros critérios. Dependendo do poder político do momento, os livros poderão ser avaliados do ponto de vista das organizações anti-racistas, dos nacionalistas, dos LGBT, dos católicos, dos comunistas ou dos criacionistas. Todos estes grupos terão direito de escolher o conteúdos dos livros. Os pais, os alunos e os professores terão que acatar a decisão.

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