2.5.06

DÚVIDAS QUANTO AO DITADO POPULAR

O jmf, no french kissin', diz que nesta posta publiquei uma mentira. Confesso que, normalmente, sou bastante indiferente aos muitos insultos e atoardas que me são dirigidos. Mas acontece que detesto a mentira. E não gosto mesmo nada de ser apelidado de seu utilizador. Por isso respondo:
- A notícia da colocação dos radáres alfacinhas, importantíssima sem dúvida (nota: o Porto já tem essas coisas há uns bons 5 anos...), inaugurou a Sic-Notícias na maior parte desse dia e foi uma das 3 primeiras nos canais generalistas - donde a expressão usada por jmf, "mentira", anda muito longe da verdade. No mínimo.
Mas verdadeiramente reveladora é a argumentação com que jmf tenta estribar a indiscutível relevância noticiosa dos radáres da capital. Assegura jmf que «... afinal de contas, vivendo na zona da Grande Lisboa, pelo menos, um quinto da população portuguesa, aquela notícia é, obviamente, da maior importância...».
Claro, só pode ser! Esta é a razão mais esclarecedora que entendi nos últimos tempos. Como vive por lá «um quinto» os restantes quatro quintos que levianamente escolheram residir noutros lugares do mesmo país têm é que se acomodar. Assim, um buraco numa rua, um prédio em risco de ruína ou uma rusga num bairro social na terra do tal «quinto» tem de ser notícia e das primeiras - mas, pelo contrário, grande parte daquilo que diz respeito aos remanescentes quatro quintos, isso já não importa nada. E defender o contrário é motivo mais do que suficiente para se levar com o labéu de que se está a fazer a «lenga-lenga da discriminação das gentes do Norte». Lamentavelmente, o facto indesmentível de sermos o pais administrativamente mais centralizado do mundo com o qual gostamos de nos comparar e, também, o mais desequilibrado internamente em qualquer índice que se queira analisar, continua a ter defensores despudorados.
Mas para quem se quiser inteirar acerca da mundovisão de quem assim julga a realidade, basta passar os olhos pela elucidativa posta anterior de jmf em que este se debruça sobre o tom pouco polido das comemorações da vitória do F.C. Porto - como se percebe, implicitamente, para jmf, muito diferente das festas dos clubes do «quinto»...
Perante tudo isto, hesito entre o ditado popular que melhor se aplicará: não sei se é a ignorância que é muito atrevida ou se quem não tem vergonha todo o mundo é seu.