7.5.06

"Imperativos técnicos"

Vamos fingir que o encerramento, em catadupa, de maternidades e/ou de centros hospitalares com tal valência, não é, de todo, motivado por razões económicas, orçamentais e sim - como repete até à exaustão o ministro Correia de Campos - por "imperativos técnicos".

Ora, se como diz Correia de Campos, "não é possível rever uma decisão que é um imperativo técnico" e "o que está em causa é a qualificação dos locais", então, porque é que já nada se diz (nada diz o ministro!) sobre o que fazer - se é que vale a pena fazer alguma coisa - para superar tais insuficiências técnicas e conseguir qualificar os ditos locais?

Parece lógico que, antes de mais, se um centro, um serviço, um Hospital, funciona mal, então há que tentar fazer com que se ultrapassem tais deficiências e só depois de comprovada a impossibilidade, ou a inutilidade, de tal desiderato, é que se poderia fundamentar uma decisão drástica de extinção. Ou então, em alternativa, decidir-se apenas e nem que fosse no plano das intenções proclamadas, pelo encerramento provisório - o que, é certo, entre nós, tenderia sempre, pela nossa "ordem natural das coisas", a ser definitivo.....

Assim, fica sempre a ideia de que o que motivou a decisão em causa terá sido mesmo um critério político-orçamental que o ministro não assume, tentando salvaguardar-se com as "costas largas" dos "imperativos técnicos".

Se o mesmo "critério" passar a ser adoptado, generalizadamente, no que diga respeito à maioria dos serviços públicos (de saúde e não só...), então, sim, teremos mesmo, a breve prazo, um Estado efectivamente mais pequeno.