5.5.06

Mézinhas Mázinhas

Escreve João Morgado Fernades no Linguado French Kissin'

"...agrada-me que, na Bolívia, ou no Chile, na Venezuela ou no Brasil, com tonalidades diferentes, alguém tente novas vias para sair do buraco. Porque as receitas experimentadas até aqui nada resolveram."
O Chile foi o país da América Latina com maior crescimento desde meados dos anos 80. Desde o estoiro da dívida pública argentina que se tornou no país mais rico da região.

A Venezuela, apesar dos anos conturbados, registou crescimentos económicos variáveis até à chegada de Hugo Chavez ao poder. Entre 1990 e 1998 o crescimento rondou os 2,7% ao ano. Entre a chegada de Chavez e 2004 foram 5 anos trágicos, com quedas de rendimento sistemáticas. -6,1% em 1999, +3,2% em 2000, - 2,1% em 2001, -8,9% em 2002, -9,3% em 2003. Em 2004 e 2005, arrastada pelo 'boom' do preço do petróleo, a Venezuela recuperou cerca de 25%, mas ainda hoje está a níveis inferiores aos de 1998. Uma década de queda e estagnação, apesar do petróleo.###

A Bolívia, após períodos conturbados, registou crescimentos superiores a 4% ao ano durante toda a década de 90. Claro que a Bolívia ainda é um país muito pobre, dos mais pobres da região. Mas não se passa do 8 ao 80 por decreto. São precisos 17 anos para que um país que cresça a 4,3% aa duplique o seu rendimento.

Mas o que me faz comentar a posta de jmf nem são estes factos, que estão ao alcance de qualquer um. O que me faz sorrir é esta frase:

"Porque as receitas experimentadas até aqui nada resolveram."

As receitas aplicadas no Chile e em vários países do Extremo Oriente, resolveram bastante e eram as mesmas receitas que Sanchéz de Losada tentou aplicar na Bolívia, com algum sucesso. O que já sabemos perfeitamente é que não há um único exemplo em que as receitas de Hugo Chavez ou Evo Morales, tantas vezes experimentadas no passado, tenham resultado noutra situação que não a generalização da miséria e o aumento de pobreza.

Custa acreditar que em 2005 ainda haja quem aposte em amanhãs cantantes, ou no Sol que brilhará para todos nós (e para o arquitecto Saraiva).