25.10.06

Economicista

«Economicista [ikónumi'siStá] adj. e subst. Pessoa que procura optimizar a utilização dos recursos humanos e materiais sob sua gestão, combatendo o desperdício, mesmo que isso implique a irritação de poderosos grupos de pressão organizados com capacidade de 'lobby' político e mediático. Trata-se de alguém cuja elevada consciência social a leva a defender o interesse colectivo da comunidade contra os interesses de minorias que se consideram detentoras de privilégios irreversíveis que o resto da sociedade tem de suportar através de maiores impostos ou menores benefícios sociais.
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Diz-se daquele que colocando em primeiro lugar os interesses dos mais necessitados procura reformar a Segurança Social com vista a assegurar que, quer hoje, quer no futuro, as pensões são pagas em montante condigno a aqueles que delas irão necessitar, combatendo situações abusivas que as gerações futuras terão de (ou recusar-se-ão a) pagar.

Governante ou dirigente que, imbuído de um raro espírito reformista, tenha a coragem pôr termo a desperdícios, daí resultando a diminuição do custo de serviços públicos à custa dos lucros abusivos de fornecedores e empreiteiros ou de situações de sub-emprego de que beneficiam os membros de determinadas organizações sindicais.

Contribuinte que tendo a noção de que o dinheiro do Estado é o que resulta dos impostos pagos por todos, e que lembrando-se do tempo em que a taxa do IVA era de 16%, manifesta a sua indignação quando vê alguém a defender o aumento da despesa pública porque se imagina a, nos próximos anos, ter de pagar IVA a 23%.

Pai, mãe ou ministro(a) da Educação que tenha a surpreendente ideia de que a escola pública serve para educar os alunos, prestando contas do seu desempenho a aqueles que a pagam, e não para proteger os interesses de determinadas classes de docentes, ou que entenda que recursos humanos pagos pelos impostos de todos nós e que não realizam qualquer tarefa devem ser recolocados em funções compatíveis com o seu estado de saúde.

Habitante do interior rural do Continente que se revolta pelo facto de pagar impostos que são utilizados para subsidiar os clubes de futebol (e engordar empreiteiros) na Madeira, enquanto na terra onde vive continua a não dispor de água canalizada nem saneamento básico, já para não falar dos 50Km até à maternidade mais próxima.

Fazedor de opinião que, considerando que a intervenção do Estado na economia deve ter carácter progressivo e não regressivo (talvez por na juventude ter lido o Robin dos Bosques), defende que os impostos pagos pelos trabalhadores não devem servir para pagar a educação dos filhos dos ricos, nem subsidiar o investimento em empresas que registam prejuízos para não pagar IRC enquanto o respectivo 'empresário de sucesso' se pavoneia de Ferrari em frente dos seus funcionários pagadores de IRS.

Em suma: trata-se de um inconformista revolucionário!»


Paulo Soares de Pinho, Diário Económico