Não há dúvidas que Durão Barroso vai deixar de ser Primeiro Ministro. Não há também dúvidas que, na hipótese (creio que remota) de DB falhar a nomeação para presidente da Comissão Europeia, terá de haver eleições antecipadas.
Coisa diferente é, como se prevê, a sua nomeação para aquele cargo.
Na reunião de ontem com Sampaio, DB terá pretendido assegurar-se que o primeiro não convocará eleições antecipadas e procurará um novo Governo dentro da actual estrutura parlamentar.
Novo Governo e não apenas novo Primeiro Ministro. Como o João Miranda já referiu umas postas abaixo, a Constiuição (que ainda vigora) prevê a demissão do Governo no caso de o PR aceitar o pedido de demissão do Primeiro Ministro.
O que se seguirá será a nomeação, por Jorge Sampaio, de um novo PM e a escolha, por este, de um novo governo. Os actuais Ministros só poderão continuar em funções se forem reconduzidos nos respectivos cargos, o que não é provável quanto a todos eles. Aproveitando a conjuntura, poderá dizer-se que a escolha de um novo PM equivale à troca do seleccionador e não à simples troca do capitão de equipa.
Tenho ainda dúvidas que a escolha recaia sobre Santana (o que passa, antes de mais, pela aceitação deste). O apoio incondicional de Alberto João não e um bom prenúncio.
Em teoria, o novo PM (ou, pelo menos, o nome a propor a Sampaio pela maioria parlamentar) passará por um de dois grupos de pessoas:
1. O actual elenco ministerial, com Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas, enquanto ministros de Estado, à cabeça, mas com o óbice da grande impopularidade da primeira e a pertença ao partido minoritário do segundo. Nenhum dos outros Ministros está à altura de ser o escolhido: padecem, à escala, do mesmo problema de António Vitorino para a Comissão Europeia.
2. O segundo grupo é a actual direcção do PSD, que integra as seguintes pessoas (com as funções de Vice-Presidente):
Pedro Santana Lopes
Rui Fernando Da Silva Rio
José Luís Arnaut
Nuno Morais Sarmento
Maria Helena Lopes da Costa
José de Matos Correia
Destes, os dois membros do Governo (Arnaut e Morais Sarmento) estão de fora. Maria Helena Costa e Matos Correia, quase desconhecidos, idem.
Sobram Santana Lopes e ... Rui Rio. A ver vamos.